26/04/2020 - Por Marcello Loiacono
Nesta edição de 12 Toques com Loiacono, conversamos com o atual campeão brasileiro Tico Mico. Thiago Rocco Rodrigues de Lima tem 33 anos de idade e é Enfermeiro especialista em qualidade e gestão hospitalar.
12 Toques: Como conheceu o esporte federado, e em quais clubes jogou? Tico: Conheci o esporte em 1997. Minha tia havia se mudado para um prédio no bairro da Chácara Santo Antônio. Naquela época, minha tia e minha mãe abriram uma loja no mesmo bairro e então, eu passava praticamente todos os dias na casa dela. Neste prédio moravam, Vinicius de Simone, Alexandre Munhoz, Gustavo e Alex. Além de Paulo Audician (Farinha) que morava em uma casa na mesma rua e Carlos Roberto (Cueca), que apesar de morar longe, vivia por la. Lembro-me que esta turminha jogava botão praticamente diariamente. Havia até uma liga criada pelo Vinícius de Simone que se chamava Butina Velha FC. Dentre outras maluquices, havia o rank interno, torneios dos mais diversos formatos e com tudo que você possa imaginar que seja esférico e deslize em uma mesa. Vinícius sem dúvida foi o maior chutador que já vi. Grande parte dos jogos ele fazia 10 ou mais gols. Isso com times oficiais, Gulliver, tampa de Nescau, de garrafa e o que mais imaginar. Foi quando então comecei a brincar também, nesta época tinha por volta de 11 anos e altura de 7. (Muitos Risos). Era o mais novo da turma e portanto, o mais zoado possível. Também era mais gordinho do que a maioria já tenha visto. Estes dois fatores unidos me deram cerca de uns 50 apelidos. Nos dias de hoje, fatalmente uma criança não sobreviveria a tanto Bulling. Já pra mim, posso dizer que foi quando começava a viver a melhor época da minha vida. Então, em um belo dia fui até a casa do Sr. Elcio Buratini. Ele era proprietário da Temp Sports e foi lá que adquiri meu primeiro time de botão. Era um time de uma cor, preto, famoso altura 4,1, grau 23. Depois deste vieram centenas de times e rolos. Incluindo os incríveis e incontáveis rolos feitos com o saudoso Anacletão. Rapaz, que saudade de tudo isso. Todas as quintas íamos ao Clube do Circulo Militar de São Paulo de carona com os pais do Vinícius em uma Niva vermelha. Em muitas vezes, em dias de jogos íamos com o Elcião na sua incrível Belina, alguns no porta malas - hoje seria o famoso caveirão (muitos risos). Findava o ano de 1996, eu resolvi me federar para começar a disputar os torneios individuais e por equipes da FPFM. Começava ai, uma longa jornada até os títulos mais importantes do esporte. Joguei apenas por 2 clubes, Círculo Militar de São Paulo 1997-2015, 2018 e atualidade, e Clube XV de Agosto 2016 - 2017 em um projeto que tenho muito orgulho de ter participado.
12 Toques: Qual o título mais importante? Tico: Olha, seria mais difícil de eu dar esta resposta caso o Título inédito de campeão Brasileiro Individual não tivesse sido da forma que aconteceu. Mas graças ao Jeferson Carvalho, abnegado pelo esporte e criador do canal Mundo Botonista, sem dúvidas considero este o título mais importante.
1º pela condução do impecável até os 5 minutos do 2º tempo. 2º pelas inúmeras reviravoltas que aconteceram no jogo final. 3º pelo gigante atleta que enfrentei e venci no último chute com um final de cinema.
12 Toques: E o título mais difícil? Tico: Seguindo o raciocínio da resposta anterior, sem dúvidas o Brasileiro Individual é o torneio mais difícil de ser vencido. Por isso, considero ele a minha mais importante e difícil conquista. 12 Toques: Qual ou quais Botonistas você admira? Tico: Sem dúvidas tenho grande admiração por alguns Botonistas, dentre eles: Vinícius de Simone, Cássio Erbisti, Quinho Zucatto, Roberto de Lara, Jefferson Genta, Mauro Michilin e Alexandre Laguna. 12 Toques: Qual Botonista você seria se pudesse ser outra pessoa? Tico: Eu queria ser por um dia um destes Botonistas que são verdadeiras máquinas de fazer gols (muitos risos).
12 Toques: Quem é seu freguês? Tico: Rapaz, não posso sair divulgado estas informações, pois pode gerar retaliação do adversário. Mas tem uns que a gente pode contar sem medo, tipo: Tigrão, Pudim e Baby Sauro (muitos e muitos risos). 12 Toques: E de quem você é freguês? Tico: Olha, não sou uma pessoa apegada nestes estigmas, mas sabemos que alguns jogos não encaixam com o nosso estilo de jogo. Então, meus maiores vilões sempre são pessoas que cadenciam o jogo até o final. Esta é uma das características que admiro muito no jogo do Cássio e ele é um jogador que tem um bom retrospecto comigo. Mas de modo geral, tem bastante jogadores carrascos comigo (risos).
12 Toques: Equipes ou individual? Tico: Eu gosto muito dos dois. Cada um tem o seu brilho especial, mas confesso que lutar em equipe junto dos seus amigos é algo que transcende as conquistas individuais. Haja visto a conquista épica em 2016 com o XV de Agosto em Goiânia e em 2019 com o Círculo Militar de SP onde conquistamos o inédito título de campeão Brasileiro interclubes.
12 Toques: Argola ou fechado? Explique! Tico: Eu já joguei muito com os dois tipos de botão. Posso considerar que as minhas melhores fases foram jogando com botões argola. Mas as maiores conquistas foram jogando com botões fechados, seja vitrine ou com PIN. Então, concluo que o melhor botão é aquele que te dá mais confiança no momento, aquele que você toque e conclua o chute da melhor forma. Sem criar muitos paradigmas na cabeça. 12 Toques: Jogo inesquecível? Tico: Sem dúvidas a final do campeonato Brasileiro Individual 2019 – Blumenau-SC. Além de vencer o multicampeão Robertinho, ainda realizei um sonho de infância de uma forma que não poderia ter sido mais especial. 12 Toques: Um gol inesquecível? Tico: Poderia sem dúvidas classificar o gol do título do campeonato brasileiro individual. Mas não posso esquecer que na semi-final fiz um gol de rebote contra o Fabio Maia. Sem este gol, certamente o sonho do título teria sido adiado por mais um ano. Então, este é o meu gol inesquecível.
12 Toques: E a viagem mais louca que você fez para ir jogar? Tico: A viagem mais louca que já fiz foi para Córdoba em 2017, onde disputaríamos o Sul-americano na província de Santa Rosa de Calamuchita. O Hotel era horrível, parecia um filme de terror. A inscrição era paga em dólar, algo em torno de R$ 300,00. Além disso, eu fui um dos únicos que havia trocado a moeda no Brasil. Então ficávamos diariamente em busca de casa de câmbio para trocar dinheiro (risos). Foi muito engraçado, muito divertido, mas com vários percalços que quase tornaram a viagem uma das piores. Lembro-me que no voo de volta, pegamos uma grande turbulência, parecia que a viagem teria um final daqueles. No fim, tudo deu certo, e é com grande alegria que guardo recordações do que vivemos lá.
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