12/07/2020 - Por: Marcello Loiacono
Nesta edição de 12 Toques com Loiacono, conversamos com a palheta de ouro do Círculo Militar de São Paulo, José Oswaldo Quartim Barbosa, que tem 40 anos de idade, é jornalista, e um dos principais destaques da equipe do Ibirapuera.
12 Toques: Como conheceu o esporte federado, e em quais clubes jogou?
Barbosa: Lá para os idos de 1990 e alguma coisa... Estava em São Sebastião e gostava de ler. Peguei minhas moedas e comprei uma Placar. Na contracapa tinha a cobertura de um campeonato brasileiro de Futebol de Mesa, em que o Ernesto, do Círculo Militar, foi o campeão infantil. O Círculo era do lado de casa. Avisei o pessoal da escola, hoje conhecidos como Duda Alagoas, Eduardo Santos, Petha e outros como Nelson, Vennaggio e meu amigão Ivan e ficamos contando os dias até o departamento abrir... Fui o primeiro a comprar time de botão oficial, no Lourival, no Belenzinho! Camarões da Copa de 90! Lindo demais! Fiz até uma réplica...
Acabei me federando em 1992, no meu segundo torneio papei um troféu jogando no Palmeiras que guardo até hoje com muito carinho. Joguei no CMSP desde então até 2011, quando me transferi para o Corinthians. Fiquei lá até 2017 e, desde 2018 estou de volta à casa querida!
12 Toques: Qual o título mais importante?
Barbosa: Individual, o Paulista Série Ouro de 2003, depois ser vice-campeão por duas vezes. Vários títulos individuais menores (claro, só brasileiro é maior que isso...). Mas o que gosto mesmo é de jogar por Equipes. Não sou jogador de torneios Individuais, porém, neste ano de 2003, tracei uma meta clara de me classificar para o Paulista e acho que deu certo...
12 Toques: E o título mais difícil?
Barbosa: O mais difícil e mais marcante, claro, você pode imaginar. É o título Brasileiro Por Equipes de 2019 com os amigos do Círculo Militar. Emoção a toda prova! Cheguei muito bem preparado e fui bem em todos os jogos.
Já havia sido campeão brasileiro pelo Corinthians em 2012. Apesar de ter colaborado bastante jogando bem também, não joguei as finais. Depois de 2019, vi que torcer é ainda mais difícil Hahahaha. Chorei DEMAIS em 2012 abraçado ao Valbono!
O chute que deu o título ao nosso Círculo foi algo de cinema. Raras vezes estive tão concentrado na vida. Não ouvia nada e ninguém! CAIXA!
12 Toques: Qual ou quais Botonistas você admira?
Barbosa: Admiro muitos. Botonistas para serem admirados têm de ser a mesma pessoa dentro e fora das mesas. Valorizo muito o caráter, amizade e, claro, técnica, destreza e fairplay na mesa.
Quinho, irmãos Michilin, Tico, Farináceo, Dudu, Justa, Tadeu, Castelli, Duda Alagoas, irmão Lely e Lennon, Soto, Genivaldo, entre outros.
12 Toques: Forme um time com 6 Botonistas.
Barbosa: Time para ganhar o Mundo: Quartim (como referência), Quinho, Justa, Tico, Mauro e Laguna.
Time para se divertir: Baby Sauro, Pinna, Chicus, Bad, Bolla e... Barthez, porque tem de ter alguém para fazer besteira e gente para encher o saco. Hahahaha.
12 Toques: Quem é seu freguês?
Barbosa: Tem de falar só um? Diney...
12 Toques: E de quem você é freguês?
Barbosa: Se por um lado é difícil falar só um freguês, por outro é difícil lembrar de quem eu sou freguês... Calma aí, vou pensar e depois falo...
12 Toques: Equipes ou individual?
Barbosa: EQUIPES.
12 Toques: Argola ou fechado? Explique!
Barbosa: Argola. Mais leve, assim como meu futebol de mesa, leve, solto, envolvente. E RÁPIDO!
12 Toques: Jogo inesquecível?
Barbosa: Alguns. Brasileiro de 1997, em Londrina. Primeiro torneio nacional que jogava. Moleque, né! Jogava muito em qualidade e quantidade. Torneio era disputado com uma fase final todos contra todos. Um Botonista de SP, infelizmente, passou meu jogo para os paranaenses. Não sei se ganharia, mas iria além do 5º lugar, certamente. Mas foi num jogo contra o Michilin, que estava liderando o torneio, um grande teste de nervos. Não tinha mais chances de título, mas tinha de ajudar meu amigo Cássio a vencer. Neste jogo contra meu querido Mica, ganhei por 5 a 4 no último chute, com umas 30 pessoas assistindo. Importante para mim para apresentar-me aos demais naquele momento. E ainda bem que o título ficou em boas mãos também, apesar de vários jogadores pedirem para eu entregar o jogo... nunca faria isso.
4 a 3 contra meu amigo Kléber. Paulista de 2003. Eram 20 jogadores. Das 19 rodadas, fui perder apenas na 11ª. Fui para o domingo liderando com folga. Mas aí perdi a 16ª, 17ª e 18ª rodada. Quinho passou na frente. Precisava vencer o Kléber e torcer para o querido Vitor Luis (Hoje na Portuguesa Santista) vencer o Quinho. Mesas lado a lado. Faltando 30 segundos fiz o 4 a 3 contra o Kléber. Vitinho ganhou do Quinho por 6 a 5. Kleber respirou para pedir para o gol e tocou o sinal. Mais um segundo ele ia chutar e, com certeza, faria o gol KKKKKKKK.
Agora, o jogo inesquecível mais recente mesmo... Foi contra o Nando, na final do Brasileiro de 2019. Graças ao mecenas do Futebol de Mesa, Jeferson Carvalho, o jogo está eternizado.
12 Toques: Um gol inesquecível?
Barbosa: Ahhhhhhh... aí ficou fácil. Ótima pergunta. O jogo contra o Nando não foi dos melhores, mas o chute final, com certeza foi! Já tive vários chutes na sineta, claro... Mas este, pela atmosfera e maior importância na minha vida dentro do Futebol de Mesa, câmeras, celulares filmando..., será sempre inesquecível. Espero que este se junte a alguns outros que ainda acontecerão, se Deus quiser.
12 Toques: E a viagem mais louca que você fez para ir jogar?
Barbosa: Sem dúvida o Brasileiro de Londrina, 1997. Fomos no carro do Fabinho Conn, amigo de vida toda que fiz no Botão. Só ele tinha carro. Era um Monza automático top de linha daqueles de primeira geração. Monza CLASSIC! Tínhamos 20, 21 anos. Ficamos no alojamento do clube, uns 20 caras divididos em 10 beliches. Dei muita risada. Fomos eu, Binho, Duda... quem mais, Duda, ajuda?
Fomos em 5 no carro. Mulheres de Londrina são lindas mesmo... Ketchup num quarto desses não combina... Depois de uma bela campanha, estávamos nos preparando para sairmos no sábado à noite, quando entra no clube um golzinho com cinco mulheres. Rapaz... foram nos buscar.
Havíamos conhecido as moças na quinta à noite... nos divertimos pouco? Só sei que acordei no domingo, com dois números de telefone na mão e tendo de lavar a porta do carro do Fabinho com copinhos de plástico, porque “alguém” deu aquela carimbada... Disseram que paramos para comer pastel e misturei beijo com posição de arrumar goleiro na madrugada, mas... não me lembro...
Outra que valeria mencionar foi quando fomos eu, Michilin, Élcio e Oliveira para o Rio de Janeiro jogar um Brasileiro por Equipes. DE TRÊS TOQUES. Devia ser 99, 2000, sei lá... Corsa Verde Limão do Michilin! Vesti camisa do Palmeiras e tudo. Ficamos os 4 no apartamento da minha tia em Botafogo. Como eu era o “dono” da casa, dormi no único sofá do local, mas isso não impediu do Michilin fazer feiúra com minha pessoa.... KKKKKKKK.
12 Toques: Qual a sua rotina de treinamentos?
Barbosa: Treino quando dá, geralmente umas 3 quintas e um sábado por mês no CMSP. Próxima residência vou ter minha mesa, certamente.
12 Toques: Qual a dica que você dá para a molecada iniciante?
Barbosa: Não se importar com resultados e valorizar mais as amizades e diversão que o Botão proporciona do que o jogo em si!
12 Toques: O que você tem feito pelo esporte?
Barbosa: Sempre quando dá tento fazer alguma coisa diferente em prol do meu time. Já dei muitas aulinhas para a molecada. Mais recentemente tenho ajudado como dá meu amigo Jeferson com o Mundo Botonista. Gosto de me doar e ajudar quando consigo. Já fiz muito pelo esporte, sem falsa modéstia. O site FuteboldeMesa.com.br foi algo inovador e pioneiro que ajudou muito o esporte por uns 5 anos, principalmente estados como SC, RJ e SP (site durou de 1999 a 2004). Quem sabe ainda retomo este projeto... Será...
12 Toques: Tem preferência por fabricantes? Joga com time feito por quem?
Barbosa: Cara, não conheço nenhum fabricante mais “atual”. Tenho 7 times! O máximo que tive foram 20, porque ganhei de um tio muito querido... e vendi a maioria... Hahahaha. Mandei fazer um Napoli e um Corinthians lindos com o Pexe, em 2012. Depois, nunca mais (gostei muito). Edu Toscano também manda muito bem. Fez um Portugal para mim certa vez que foi o mais lindo que já tive. Dos 7 times que citei, tenho estes dois do Pexe, outros dois do Lourival (inclusive o lendário Grêmio) e os outros não sei quem fez... Hehehehe.
12 Toques: Liste seus principais títulos:
Barbosa: Cara, individual tenho o Paulista que já mencionei e alguns abertos (um Ouro, outra Prata e várias bronze). 3º e 5º lugar em dois, dos 4 brasileiros que já joguei são títulos para mim. Em São Paulo ganhei várias vezes Paulistas e Taças de séries inferiores, até porque, como já comentei, não jogo muitos individuais mesmo.
Mas o que gosto mesmo são os títulos Por Equipes. Posso afirmar que estou entre os 10 jogadores que mais ganharam títulos por Equipes. Junto comigo estão Perrotti, Duda, Dudu... dos 11 títulos do Círculo Militar, estive presente em todos de alguma maneira, além do Brasileiro de 2019. Pelo Corinthians foram outros dois Paulistas.
12 Toques: Você tem algum outro hobby além do Futebol de Mesa? Conte um pouco sobre isso.
Barbosa: Cara, gosto de ler, curtir minha filha, viajar e ainda vou retomar o Plastimodelismo. Estes dias joguei fora várias tintas vencidas. Mas os carrinhos, terminados e pela metade, guardei. Quem sabe...
12 Toques: Deixe suas considerações finais:
Barbosa: Não desista de divulgar o Futebol de Mesa, Loiacono! Precisamos de gente como você para ajudar o esporte a crescer! E chega de quarentena!
Eu vi o Barbosa jogando na final por equipes de 2019 pelo canal mundo botonista e virei fã imediatamente. Sensacional. O cara é uma lenda. Uma inspiração pra mim que sou iniciante.
Espetacular história e como é interessante a escolha de cada botonista! Equipes e argola! Parabéns, amigo e realmente o título do Círculo de 2019 entrou pra história ⭐