09/05/2020 - Por Marcello Loiacono
Nesta Edição de 12 Toques com Loiacono, fomos conversar com o Mega Campeão Robertinho. Roberto de Lara Rodrigues tem 40 anos de idade, é Analista Comercial, e é o maior campeão nacional de todos os tempos.
12 Toques: Como conheceu o esporte federado, e em quais clubes jogou? Robertinho: Meu pai (Nilson Rodrigues) jogava botão desde garoto e queria continuar jogando com os filhos. Tínhamos uma mesa pequena e botões de diferentes tipos. Ele ficou sabendo de um campeonato na Praça Osvaldo Cruz aqui em Curitiba em 1989. Inscreveu-se comigo e com meu irmão. Lá conheceu o pessoal da federação paranaense e logo adquirimos mesa e times oficiais para a regra 12 toques. Comecei jogando pelo Barracão, que era um clube de Snooker em São José dos Pinhais com nove anos. Passei por Paraná Clube, Círculo Militar (de Curitiba), Clube Curitibano, AABB, Dom Pedro II e por dois times de São Paulo – Santos Futebol Clube e Clube XV de Agosto de Socorro. 12 Toques: Qual o título mais importante? Robertinho: O campeonato Brasileiro de 1999 em São José dos Pinhais. Este brasileiro foi em homenagem de um grande botonista – Claudinei Maia. Era um amigo que treinava comigo e faleceu naquele ano. Ele foi campeão brasileiro em 1996. Foi um Título especial, tenho o nome de um amigo no troféu de um campeonato tão importante.
12 Toques: E o título mais difícil? Robertinho: Difícil dizer. Todos os títulos Brasileiros exigiram muito de mim. Em 1999 tinha pouca experiência e muito nervosismo. Em 2009 uma final sensacional contra o Quinho onde eu consegui o empate no final do jogo, tendo que abdicar de jogar normalmente, literalmente correndo para alcançar o resultado. Em 2010 precisei jogar a sobrevivência no quadrangular contra o Quinho. Quartas de final perdendo de 4X1 no intervalo para o Ednilson (o empate era dele e virei o jogo no último chute 8X7), uma semi-final contra o experiente Mauro, e a final épica (9X7) contra o meu ídolo Ricardo Asso. Em 2013 faleceu a minha tia, mãe do meu primo e companheiro de treinos Rogério. Prometi o título pra ele e consegui cumprir. Todos muito difíceis. 12 Toques: Qual ou quais Botonistas você admira? Robertinho: Meu ídolo é o Ricardo Asso. Meu estilo de jogo é baseado nele. Assistia os jogos dele quando criança e adaptei meu jogo de acordo com o dele. Quinho é um jogador fantástico com muitos recursos. Jefferson Genta também tem uma frieza e uma habilidade ímpar. Também admiro muito o Victor e o Ednilson – são sensacionais como jogadores e grandes amigos.
12 Toques: Qual Botonista você seria se pudesse ser outra pessoa? Robertinho: O Ricardo Asso.
12 Toques: Quem é seu freguês? Robertinho: Existe isso? Creio que não. Eu digo sempre que para ganhar (ou perder) de alguém, basta estar na mesa com esta pessoa. Cada jogo é um jogo. Não é porque você venceu alguém que é melhor que ele – não é porque perdeu para alguém que é pior que ele. Tudo está no momento.
12 Toques: E de quem você é freguês? Robertinho: Quem mais ganhou de mim em toda minha vida, todos sabem: Meu pai Nilson, meu carrasco.
12 Toques: Equipes ou individual? Robertinho: Sem dúvidas o INDIVIDUAL. Para ser um bom jogador de equipes ainda falta muito. Sempre joguei por mim, concentrado e tentando fazer meu melhor. Este último Brasileiro de Equipes eu tentei ser o capitão da minha equipe, o Dom Pedro II, mas falhei muito. Não tenho esse perfil.
12 Toques: Argola ou fechado? Explique! Robertinho: Argola. Escolhi o argola por sentir mais segurança no deslize. Alguns times fechados que joguei não deslizavam bem na mesa e geravam insegurança.
12 Toques: Jogo inesquecível? Robertinho: Final do Brasileiro de 2009 contra o Quinho no Rio de Janeiro. Muitos achavam que não dava mais, até vi a cara de desânimo dos amigos no intervalo da partida e isso me motivou de uma forma absurda.
12 Toques: Um gol inesquecível? Robertinho: Novamente Final de 2009. O jogo estava 7X6 para o Quinho e devia estar faltando um minuto pra acabar. Ele trabalha a bola lentamente pela minha direita, prepara o chute e erra, fui para o rebote com tanta vontade que passei do ponto de toque, voltei rapidamente, avancei a bola com um passe para o meia direito do meu Werder Bremen, arrumei em um toque e pedi em gol. Naquele momento eu sabia que iria empatar o jogo. Não deu tempo de ele sair com a bola e fui campeão. 12 Toques: E a viagem mais louca que você fez pra ir jogar? Robertinho: A Copa do Brasil 2013 de Nova Friburgo. Estava decidido a não ir, pois a logística era complicada, mas um grande amigo, o Moacir, ligou e me convenceu: buscou meu pai e eu no aeroporto no RJ, viajou de carro conosco até Friburgo e hospedou a gente na casa de uma amiga dele. Conclusão: de tão tranquilo que foi, ganhei (muitos risos).
12 Toques: Uma vez me contaram que próximo aos torneios importantes você treina cerca de 2000 mil chutes por semana. É verdade? Qual a sua rotina de treinos? Robertinho: Fiz isso apenas em 2011 para buscar meu sonhado Tricampeonato Brasileiro consecutivo. Estava jogando bem, com uma meta e um objetivo que achava ser muito difícil. Abandonei tudo três meses antes do campeonato em Poços de Caldas. Dedicação exclusiva para o Futebol de Mesa. O treino era intenso, quatro vezes por semana, com muita saída de bola, passagem de defesa e chutes a gol. Eram mais de 500 chutes por dia. Um treinamento que inventei e hoje passo para alguns alunos que tenho. Atualmente não tenho conseguido treinar. Estou morando longe do clube e o tempo livre que tenho passo com minha filha. Acabo treinando nos primeiros jogos das competições oficiais.
12 Toques: Qual a dica que você dá para a molecada iniciante?
Robertinho: Paciência e treino. O Futebol de Mesa é um esporte de precisão. Precisa de dedicação, mente tranquila, respiração correta e muita concentração. Quem está começando agora, pode olhar os vídeos que existem e fazer como eu fiz há muitos anos – achar um Botonista com um jogo que lhe agrade e incorporar no seu modo de jogar.
12 Toques: Deixe suas considerações finais:
Robertinho: Gostei muito da sua iniciativa Loiacono, de colocar essas entrevistas para o pessoal do Futebol de Mesa. Algumas respostas são pessoais e outras ajudam a agregar conhecimento ao nosso esporte. Uma dica para as próximas perguntas é o que podemos fazer pelo nosso esporte? Como expandir? Como fidelizar os praticantes? Como não perder os jovens para os celulares e vídeo games? Essas respostas são as mais difíceis.
12 Toques: Robertinho, obrigado pelas sugestões, e inclusive estão aceitas... Vamos começar já com estas novas perguntas: O que você já fez pelo Futebol de Mesa? Robertinho: Não muito. Participei de projetos de inclusão do Futebol de mesa no colégio Dom Bosco recentemente, mostrando os materiais e ensinando a jogar. Fiz apresentações para as crianças do projeto Coca-Cola em 2012. Mas estes projetos foram criados por outras pessoas aqui do PR, eu só ajudei. Admiro muito quem dedica tempo criando projetos para ensinar e divulgar nosso esporte. Acredito que todos se beneficiam quando mais adeptos surgem.
12 Toques: Tem preferência por fabricantes? Joga com time feito por quem? Robertinho: A grande maioria dos meus times são do mestre Lorival. Ele era um gênio. Lembro quando fiz um pedido de time e ele disse que não ia ficar bom (como assim?). Então ele me explicou que o meu jeito de jogar seria favorecido com a altura e grau determinados (passou a medida). Achei que não daria certo, mas com o tempo me acostumei e hoje não jogo com outra medida que não seja a que ele criou. Atualmente meus times são feitos pelo Renato Borges de Goiânia. São perfeitos em medidas, acabamento e qualidade. O time que jogo atualmente foi feito por ele. PRINCIPAIS TÍTULOS:
Campeão Brasileiro Juvenil - 1996; Pentacampeão Brasileiro Adulto - 1999, 2009, 2010, 2011 e 2013; Campeão Brasileiro Inter regras - 2001; Hexacampeão da Copa do Brasil - 2007, 2011, 2012, 2013, 2014 e 2017; Campeão da Copa do Brasil por equipes - 2017; Campeão Mundial pela Seleção Brasileira - 2012; Vários títulos Paranaenses e Taças Paraná.
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