03/04/2020 – Praia Grande/SP
Depois de algum tempo sem postagens, resolvemos voltar o 12 Toques com Loiacono, e pra esta reestreia conversamos nada mais, nada menos, com o craque e multicampeão Victor Emanuel Almeida Heremann, que é Paranaense, tem 42 anos de idade, e é advogado, e também um baita cara. Espero que gostem.
12 Toques: Como conheceu o esporte federado, e em quais clubes jogou?
Victor: Comecei a jogar Botão aos 4 ou 5 anos de idade na minha cidade, Bela Vista do Paraíso-PR. Já o Futmesa federado eu conheci no início da década de 1990, na cidade de Londrina. Foi através do Sr. Juquita e do saudoso Sr. José Luiz Negretti, que conheci o esporte. Nessa época, meu parceiro de iniciação foi o Vinícius, mais conhecido como Barbosa. Ele residia em Bela Vista do Paraíso, e jogávamos 12/13 partidas por dia, acreditem se quiser. Nessa época, jogávamos por Londrina. Posteriormente, mais precisamente no ano de 1998, passei a jogar pelo CRB (Clube Recreativo Belavistense). Em 2003, criei juntamente com alguns amigos a LBFM (Liga Belavistense de Futebol de Mesa) que todos conhecem apenas por Belavistense. Me mudei para Londrina no ano de 2006, e lá, integrei a equipe da Portuguesa Londrinense, e posteriormente, montamos o IVN (Instituto Vagner Nunes) no ano de 2009. No ano de 2012 fui integrar o Fênix de Londrina. Em 2013, regressei a minha cidade natal e voltei a equipe do Belavistense, onde permaneci até 2016. No ano seguinte, ou seja, em 2017, me transferi para o Vasco da Gama-RJ onde permaneci até 2019. E neste ano de 2020, estou filiado a equipe do Fênix da cidade de Londrina.
12 Toques: Qual o título mais importante?
Victor: Considero meus títulos mais importantes os Brasileiros Interclubes de 2011 (pelo IVN de Londrina), e de 2017 e 2018 ambos pelo Vasco da Gama-RJ.
12 Toques: E o título mais difícil?
Victor: O título mais difícil considero o do Brasileiro Interclubes de 2011. O Campeonato foi disputado em Petrópolis-RJ, e fizemos a viagem de 1.100 KM em uma Van Lotada, tendo em vista que estávamos juntamente com a equipe do Grêmio Londrinense. Ficamos instalados no alojamento do clube, e não tínhamos nenhum jogador reserva, e nem mesmo alguém para anotar as súmulas dos jogos. A equipe do Friburguense-RJ emprestou um jogador para nos ajudar nesse trabalho, o Erick. E nesse contexto, nossa equipe que havia sido vice-campeã Brasileira Interclubes no ano anterior, começou a se superar e chegamos à conquista. Realmente foi muito difícil.
12 Toques: Qual ou quais botonistas você admira?
Victor: Admiro vários Botonistas dentro e fora das mesas. Em termos de resultados é impossível não admirar o Robertinho - PR, tendo em vista a conquista de 5 Brasileiros Individuais e 6 Copas do Brasil. Em termos de habilidade admiro demais o Ednilson - PR, meu irmão de vida esportiva. Admiro também o Quinho - SP por todas as suas grandiosas conquistas e pelo jogo limpo que sempre pratica, e admiro também o jogo do Nando - RJ, pela quantidade de recurso que apresenta principalmente na abertura de zaga adversária.
12 Toques: Qual Botonista você seria se pudesse ser outra pessoa?
Victor: Pergunta difícil essa. Mas impossível não lembrar do saudoso Anacleto, de Socorro. Um cara do bem. Amado por todos. Só fazia coisas no intuito de agradar as pessoas. Enfim, uma pessoa de primeira grandeza. É difícil "ser" outra pessoa, mas sempre procuro me guiar nas boas atitudes dele.
12 Toques: Quem é seu freguês?
Victor: Vou nomear como meu freguês maior o Leandro Campos, de Londrina. Ele não tem jogado campeonatos nacionais, mas o considero um Botonista excelente, que joga Futmesa desde 1989. E além disso é o "maior sarrista" que conheço no esporte. E é meu freguês (Risos).
12 Toques: E de quem você é freguês?
Victor: Essa história de "freguês" muda com o tempo. Em alto nível, pra você saber marcar bem o adversário e em pouco tempo o mesmo consegue inverter a situação. Até por jogarmos em estados diferentes e termos jogado poucas partidas ao longo do tempo, percebo que tenho muita dificuldade de jogar contra o Michilin - SP. Devo ter perdido a grande maioria das partidas contra ele.
12 Toques: Equipes ou individual?
Victor: Tá de sacanagem... Mil vezes EQUIPES!!!
12 Toques: Argola ou fechado? Explique!
Victor: Talvez eu deva ser o Botonista do circuito que mais mudo de modelos de times e principalmente de medidas. Ganhei uma copa do Brasil individual em 2008 jogando com Vitrine (acredito que foi o primeiro título nacional com Botões desse modelo na história). Em 2018, fui campeão Brasileiro individual jogando com modelo argola e com os "Becões" (também foi o primeiro título nacional com "Becões"). Mas acho que o modelo é indiferente. Todos são bons. O que vale é a "vontade", o "tesão", de jogar com esse ou com aquele time. Me entende?
12 Toques: Jogo inesquecível?
Victor: Semi-final do Brasileiro individual de 2018, contra o Quinho-SP (vantagem do empate minha). Primeiro tempo 3 x 3. Ele tinha dado a saída e ninguém havia errado ataque. Joguei o primeiro tempo inteiro atrás, tendo que fazer para empatar. Segundo tempo rolando, dei a saída e errei, apesar de ter chutado uma bola de confiança. Ele veio e fez, 3 x 4. Dei a saída e errei novamente, chutando outra bola de confiança. Ele veio e fez, 3 x 5. Nessa hora pensei que a chance era agora, pois quando eu poderia chegar novamente a jogar uma semi-final de Brasileiro? Dei a saída com raiva: Fiz!!! 4 x 5. Ele deu a saída para liquidar o jogo. Não fez e no contra-ataque fiz o 5 x 5. Ele deu a saída como um raio e pediu ao gol no terceiro toque, do meio do campo, e o sino tocou... Ajeitei o goleiro completamente adiantado e na transversal, realmente de uma forma não usual. Era tudo ou nada. Ele bateu na trave. Eu estava na finalllll... fui abraçado pelos meus irmãos do Vasco e familiares... foi sensacional e indescritível.
12 Toques: Um gol inesquecível?
Victor: O gol inesquecível da minha vida, com absoluta certeza foi o da final do Brasileiro Interclubes de 2017, em Santos-SP. O Vasco da Gama-RJ ainda não havia vencido o Brasileiro Interclubes. Eu e o Ednilson tínhamos chegado no Vasco no início do ano. Havia muita desconfiança na nossa equipe por parte da comunidade "Botonística". E realmente isso estava me incomodando bastante, tenho que confessar. Eu estava vendo a confiança depositada em mim, pelos meus irmãos de clube, e principalmente o esforço financeiro que estavam fazendo em nos manter na equipe. E nesse contexto, fomos para Santos. O Campeonato começou e fomos vencendo jogo a jogo, até que perdemos para a fortíssima equipe do XV de Socorro no último jogo da primeira fase. Essa derrota nos colocou frente a frente com a equipe do Meninos-SP, nas quartas de finais. Jogamos o fino e avançamos. A noite, talvez poucos saibam disso, eu peguei uma virose. Passei a noite em claro literalmente. Meu parceiro de quarto era o Ednilson, e me ajudou bastante. Quando me levantei, não tinha forças para jogar. Realmente eu estava muito debilitado. Tomei alguns remédios que me permitissem ficar no ginásio e fui. Não comentamos a ninguém de outras equipes sobre meu estado de saúde. Na semi-final fizemos um jogo histórico contra a fortíssima esquipe do Curitibano-PR, e ganhamos na última rodada. E estávamos na final. Um sonho... Mas mais que isso, a vontade de fazer história. O jogo iniciou duro e fomos perdendo até a última rodada. No intervalo do último jogo, perdíamos em 2 mesas, com um empate e uma derrota. Eu jogava contra o Alex Bahr, e estava perdendo de dois gols. Antes de iniciar o segundo tempo, reuni meus parceiros e disse: "Quando vamos ter outra chance de sermos campeões Brasileiro Interclubes? A hora é essa!!!". O jogo foi virando, eu fui buscando meu resultado e quando o Alex errou o chute eu passei a bola para o ataque e pedi ao gol, o sino tocou. O jogo estava empatado. Chutei da intermediária e a bola entrou. Eu não me lembro de muita coisa. Foi a melhor sensação que tive no esporte. Foi único. Foi mágico. Havia muita coisa envolvida além apenas daquele chute. Devo aos meus irmãos do Vasco da Gama esse momento. Não tenho como pagar essa dívida de gratidão! Foi meu maior momento no esporte, com absoluta certeza!
12 Toques: E a viagem mais louca que você fez pra ir jogar?
Victor: A viagem mais louca que fiz pelo esporte foi conhecer Portugal e Espanha, no Mundial de 2018. Cara, ficamos 25 dias rodando por diversas cidades. Foi surreal. Realmente viramos uma família do CRVG. Além é claro do Título Mundial Interclubes no SINO. O Nandinho até desmaiou e foi para o hospital. Porra... que viagem... Épica!!!
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